O designer capista, profissional responsável pela criação de capas de livros, desempenha um papel crucial na divulgação e venda de um livro, pois, como é comum dizer, capas vendem.
Amantes da leitura, quando entram numa livraria, se não estão decididos por uma obra ou autor específicos, seguem a seguinte sequência de ações: primeiro batem o olho na capa, depois leem o título e, se necessário, leem a sinopse. Depois disso, decidem se querem ou não comprar o livro analisado.
Diz o ditado que a primeira impressão é a que fica. Então, a capa de um livro, óbvio, tem forte influência na decisão de compra de um leitor. Se você tiver um livro ruim com uma capa boa, é possível que consiga vender mais que aquele autor com uma história incrível, mas que não valorizou o trabalho da confecção da capa.
Por que não é qualquer designer que pode fazer capas de livros?
O processo criativo de uma capa leva em consideração muitos fatores reservados apenas para os especialistas do mercado editorial.
Uma capa feita por um profissional especializado reflete com precisão o tom e o gênero do livro, atrai o público-alvo e aumenta a visibilidade da obra. Tudo isso sem ser apelativa.
Diferente de um cartaz de anúncio ou de um folder de serviço, ou mesmo de um post do Instagram, que usam e abusam de elementos de propaganda e marketing, gatilhos mentais e códigos de persuasão, uma capa precisa cumprir seu papel de chamar a atenção do leitor sem parecer que está vendendo.
Não é porque um designer cria artes para redes sociais que está apto a criar uma capa de livro. O processo criativo editorial envolve a criação de um conceito, a escolha de elementos visuais, como formas, cores e linhas, e a combinação de todos esses elementos em um desenho que seja significativo para o autor e seus leitores. Uma capa deve conversar com o leitor.
Capas de livro são obras de arte personalizadas capazes de expressar o que está no miolo.
Para que servem capas de livros?
Um livro é um produto e como qualquer produto, precisa de uma embalagem. Esta, por sua vez, tem funções. No caso das publicações editoriais são elas:
Funções principais:
- proteger fisicamente o frágil conteúdo de papel;
- dar ao produto uma identidade única e diferenciá-lo dos seus principais concorrentes;
- agregar um valor perceptível ao público, justificando no mercado seu preço final;
- chamar a atenção do comprador (leitor) e atiçar sua curiosidade, instigando-o a querer saber mais informações sobre o seu conteúdo — e comprá-lo.
Funções secundárias:
- ser o elemento central de toda divulgação comercial do livro;
- ajudar o leitor a identificar o gênero literário da obra pela linguagem visual;
- estabelecer uma primeira relação emocional, de confiança, entre a obra e o leitor;
- antecipar a qualidade do conteúdo pela qualidade visual do projeto visual.
Deixe o capista trabalhar
Infelizmente, eu já ouvi de vários autores as seguintes mensagens:
“Aldo, eu já tenho uma capa pronta que eu mesmo criei, mas preciso que você agora dê uma melhorada, tornando-a mais profissional”, ou
“Aldo, eu preciso que você crie uma capa com uma foto de um casal se abraçando. A cor predominante precisa ser azul, e o título eu quero que esteja todo em caixa alta e apareça no centro da página”, ou ainda,
“Deus me mostrou em sonho exatamente a capa que eu quero para meu livro. Preciso apenas que você saiba desenhá-la conforme eu vou lhe mostrar”. Sinceramente, esta abordagem foi a pior de todas, na minha opinião.
Com certeza, é sempre importante a participação ativa do autor ou autora do livro na criação da capa, porém se a procura por um capista já ocorre com uma ideia fechada, o(a) escritor(a) bloqueia a criatividade artística deste profissional e o resultado pode não ser o ideal.
Ao contrário do que muitos pensam, o papel do designer editorial não é apenas embelezar a ideia do autor. Na verdade, sua missão é criar todo um conceito para que a capa represente da melhor forma possível uma mensagem impactante, instigante e atraente.
Como capas de livros devem ser concebidas?
Todo livro tem uma mensagem central, uma ideia básica que funciona como alicerce para toda a sua narrativa. Seja de maneira direta ou indireta, óbvia ou abstrata, o autor deve ter essa ideia tangivelmente clara, descrita, palpável.
A partir dessa essência é que o capista vai apurar o briefing, que será o ponto de partida para a criação da capa do livro. Um briefing bem elaborado faz toda a diferença e evitará retrabalhos.
Nele, além da sinopse do livro (que poderá ser incluída na contracapa) e vários outros elementos, é importante indicar imagens de referências e cores preferidas.
De posse dessas informações, a criação começará a acontecer. O profissional desenvolverá a ideia recorrendo a técnicas diversas conforme seu conhecimento e habilidade.
Eu, particularmente, tenho um método de trabalho muito específico e organizado. Primeiro, faço uma pesquisa aprofundada sobre tudo que se relaciona ao tema do livro. Reúno tudo que encontro em uma pasta virtual e começo a rabiscar um rascunho, fazendo experiências, juntando peças, mudando e definindo a paleta de cores e estabelecendo as posições dos elementos. Quando entendo que estou chegando ao ponto certo, mostro ao meu cliente, para que ele me informe se estou no caminho certo. Esta estratégia me poupa muto tempo e esforço.
Dada a aprovação dessa primeira etapa, passo ao trabalho de finalização com o tratamento das imagens, criação dos efeitos e experimentação da tipografia adequada. Geralmente, quando concluo o serviço, a aprovação é garantida. Às vezes, é preciso fazer somente pequenos ajustes, mas nada que signifique um retrabalho, pois tenho horror a isto.
Capas vendem, mas não fazem milagres
Já ficou claro que capas feitas por quem sabe têm grande influência na venda dos livros, mas não espere milagres.
Capas são compostas por uma arte ilustrativa, um título (com ou sem subtítulo), sinopse, biografia, foto do autor e elementos de identificação (código de barras, logotipo da editora, redes sociais do autor). Vamos analisar, a seguir, cada uma dessas partes.
1. Arte ilustrativa
É a imagem que ilustra e expressa a mensagem que o autor quer passar.
Geralmente, a capa contém uma imagem que pode ser desde uma foto do autor até uma arte abstrata.
Como um quadro artístico, ela deve levar o leitor a “viajar” para dentro do livro e envolver-se com o conteúdo.
Veja abaixo algumas capas que criei.






2. Título do livro
Antes de qualquer coisa, ele precisa ser direto, conciso e expressivo. Pode ser provocador e contraditório. E é imperativo que tenha sal e pimenta (para um bom entendedor, meia pala… bas…).
Nada de títulos longos, por favor. Um título não precisa explicar o que o livro diz; ele é a chave da porta, não o corredor de acesso. Deixe isso para a sinopse.
Há autores que, além dos títulos, gostam de incluir subtítulos. Cuidado! Você pode querer explicar demais e vai parecer apelativo. Use-o com moderação e objetivos claros.
3. Sinopse
Lembra que foi preciso elaborar um texto com a ideia central da obra para ajudar o capista no desenvolvimento da arte? Pois é, pegue este texto e trabalhe nele para colocá-lo na contracapa. Uma boa sinopse, persuasiva e concisa, contribui bastante para provocar interesse no leitor.
John Maeda, artista de renome mundial, designer gráfico, cientista da computação e educador, disse certa vez que a “simplicidade é sobre subtrair o óbvio e acrescentar o significativo”. Creio que isso se aplica perfeitamente ao que quero dizer sobre a construção da sinopse.
4. Foto e biografia do autor
Estas informações são geralmente colocadas em uma das orelhas, podendo também estar na contracapa.
Evite usar aquela foto que foi tirada com um celular. Invista na contratação de um fotógrafo profissional para fazer um book seu. Ele servirá, inclusive, para trabalhar a divulgação do livro.
Em sua biografia, destaque pontos fortes que tenham a ver com sua obra. Se seu livro não trata de felinos e não tem nada a ver com música, não precisa dizer que você adora gatos e toca violão.
5. Demais elementos
Por fim, se você está publicando seu livro por uma editora, com certeza ela vai querer se mostrar através de um logotipo.
O código de barras que identifica a obra também deve aparecer na contracapa, no rodapé. Este elemento é muito importante para as livrarias e bibliotecas. Contém uma numeração internacional que corresponde ao nosso CPF.
Concluindo
Se você colocou um ponto final em sua obra e agora pretende publicá-la, conte comigo para ajudá-lo(a) na criação de uma capa poderosa que encante seus leitores e faça de você um conhecido escritor.
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