Vivemos em uma era dominada por conteúdos rápidos e superficiais, em que a arte de escrever e o hábito de ler textos profundos parecem estar em declínio. Neste cenário, o texto “Um artigo para quem gosta de escrever” propõe uma reflexão crítica sobre a valorização da escrita autêntica, o papel do escritor apaixonado por livros e o atual estado do mercado editorial, cada vez mais voltado ao lucro fácil do que à qualidade literária. Ao mesmo tempo, o texto é um convite inspirador à resistência criativa por meio da leitura e da escrita genuínas.
Atualmente, há uma corrente de pensamento que afirma que as pessoas não gostam mais de ler — especialmente textos longos (os famosos “textões”). Em vez disso, preferem assistir a vídeos curtos, engraçados ou motivacionais, de preferência apresentados por influenciadores considerados “gurus”.
Criar reels, stories e exibir uma realidade um tanto relativa está na moda. E aqueles que amam escrever — e sabem fazê-lo! — são hoje uma minoria.
Bons escritores amam ler. Geralmente, têm em casa centenas de livros que não servem apenas como peças decorativas numa estante. Eles os leem, pesquisam, se aprofundam e, inspirados por essas leituras, exercitam modos diversos de se expressar, colocando no papel suas impressões sobre o que aprenderam, sentiram ou viveram ao se deparar com um texto.
Um livro não nasce da noite para o dia:
ele é concebido ao longo do tempo, em migalhas, frases soltas, palavras que pululam na mente do escritor.
Escritores são artistas que desenham sua arte com letras — reunindo-as com cuidado em parágrafos e capítulos, dando forma, sentido, beleza e encantamento.
Conhecer de perto um escritor que admiramos é como reencontrar um colega de infância. E descobrir um bom livro é, muitas vezes, apaixonar-se.
Confesso: uma das coisas que mais gosto é passear entre as estantes e gôndolas de uma livraria. Nesses momentos, vejo capas ilustradas saltarem diante de mim, desejando adoção, e ouço títulos gritarem por uma atenção devida. Quero levar todos; recebê-los em minha casa, conviver com eles, filhos meus.
O esvaziamento da escrita no mercado editorial
Infelizmente, preciso dizer: o mercado editorial tem se esvaziado de critérios e propósito nos dias de hoje. Muitas vezes, o objetivo não está em trazer à tona uma obra transformadora, capaz de surpreender e tocar aqueles que a leem, mas apenas em contabilizar cifrões alimentados pela vaidade.
Como eu disse, nunca se leu tão pouco e, ao mesmo tempo, nunca houve tantas editoras e prestadores de serviço atuando no mercado. A cada dia, um novo livro surge no horizonte, mas, tão rapidamente quanto foi concebido, desaparece — empoeirando-se num canto da casa do autor frustrado.
Como profissional atuante no setor editorial, vejo centenas de obras sendo divulgadas todos os anos, muitas das quais, sinceramente, nunca deveriam ter sido escritas.
Por fim, um convite
Apesar desse cenário preocupante, sigo acreditando no poder transformador da boa escrita. Escrever bem é um ato de resistência — um gesto silencioso, mas poderoso, contra a superficialidade.
Aos que ainda acreditam na força das palavras, deixo este artigo como um aceno de cumplicidade.
Sigamos escrevendo. Sigamos lendo.
Ainda há leitores atentos e almas sedentas de sentido. Há, e nunca deixará de existir, quem não pode viver sem um bom livro.
Obrigado por ter lido este artigo. Se puder deixar um comentário logo abaixo ficarei bem-agradecido.